Temos tecnologia na quarentena, mas ainda falta entender o coletivo
Eu já cansei de falar sobre a quarentena. Hoje estou no meu 85º dia de quarentena. Já falei, só aqui no blog, sobre dicas de home office, sobre a diferença de home office comum com o que estamos vivendo hoje, sobre como a tecnologia tem nos permitido ficar em casa e ainda manter os trabalhos ativos, sobre o excesso de atividades imposto na quarentena, sobre o aumento da dependência da tecnologia e até fiz especulações sobre o "novo normal".
"Eeeeba, então hoje o texto vai ser sobre outra coisa??"
Hmmm… É… Infelizmente, não…
Mais do que cansado de falar sobre, estou cansado da própria quarentena, de ouvir a respeito e, principalmente, de ver que estamos em uma "quarentena para coronavirus ver" (não ia fazer muito sentido dizer que é "para inglês ver").
Acho que não consigo ficar sem falar também porque estou vivendo muito isso dia a dia. Eu fico em casa o máximo que posso, lavo as mãos e as compras do mercado (levo umas duas horas para higienizar tudo) e eu mesmo estou bem hipocondríaco com as minhas comorbidades (e sem ter um histórico de atleta).
Nossa situação como sociedade é muito diferente da pandemia anterior, no início do século 20. Já vimos que temos tecnologia o suficiente para reduzir os impactos, para diminuir o contágio protegendo tanto o profissional que tem que estar em casa quanto aquele que está na rua. O que nos falta é algo muito mais difícil de conseguir do que a tecnologia, que eu não sei se consigo explicar de forma clara e direta, então vou aproveitar um meme:
É mais fácil se preocupar com o sinal de wi-fi do que se preocupar com quem está ao lado precisando de oxigênio (isso sem falar que nós mesmos precisamos). A maior dificuldade nossa é entender o coletivo, pensar em todos, pensar em como agir pelo bem de todos. Se pelo menos houvesse um app que a gente pudesse baixar para resolver.
Temos muitas prioridades estranhas na vida. Antes da quarentena tínhamos uma ansiedade por ter o smartphone mais recente ou por usar os frameworks "do momento", na quarentena temos novas prioridades estranhas, como cortar o cabelo, ir para a academia (que nunca vamos), interagir com pessoas (que nem gostamos), tomar sol (que nunca tomamos, porque somos programadores). Ah, se as pessoas ao nosso redor produzissem wi-fi, será que manteríamos um isolamento social decente? Em pleno aumento de número de casos estamos voltando para as ruas, não faz sentido para a minha cabeça treinada em aulas de lógica de programação.
A vida é importante. A sua, a minha, de todos. Não vire mais um número na contagem, não se trate como um número e não trate os outros assim. Estamos longe de passar o problema em nosso país. Ainda que seja muito chato, vamos nos esforçar mais.
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