Topo

André Noel

Como uma viagem mostrou que a tecnologia aproxima as pessoas

Andre Noel

11/01/2020 04h04

Pixabay

"- Daí você segue reto pela avenida principal até a bifurcação, daí você pega a via da direita, segue reto até passar o depósito, daí vira à direita de novo…

– Ah, tia, fique tranquila. É só passar o endereço que o meu GPS acha!"

Consegui viajar com a família nesse fim de ano, algo que há um bom tempo eu não conseguia. Uma das primeiras aquisições para a viagem foi um suporte para celular como aqueles que todo motorista de aplicativos tem. Afinal, eu sou o motorista de aplicativos para a minha família, acionado por WhatsApp 😀

Apesar de ser um pouco nostálgico com algumas coisas, eu gosto muito de me deliciar com as comodidades da tecnologia. É muito bom poder andar em qualquer cidade sem conhecer as ruas e sem parar para pedir informações. É muito legal ter um cálculo automático do consumo de combustível para não ficar fazendo as contas. E é muito bom poder conversar por voz ou vídeo com qualquer um da família só para perguntar coisas como "está chovendo?" ou "a sua casa é a azul?" ou até "quer que leve pão?".

Além disso, essa viagem me ajudou a ensinar alguns conceitos importantes para minhas crianças. Por exemplo, eles entenderam melhor por que a internet "wi-fi" não funciona fora de casa (a nossa, é claro). Ou o que é 4G, 3G, H, G, E e por que partes da estrada não tem sinal. Quando eu era pequeno, meus pais não me ensinaram isso (duh). Eles me ensinavam coisas um pouco mais inúteis, como tipos de vegetação que a gente vê na estrada, comportamento dos animais e como perceber marcações na estrada que os fiscais de trânsito usavam para calcular se alguém passou da velocidade máxima permitida, algo que foi substituído por radares e que o GPS dedo-duro já avisa.

Mas o que tiro de tudo isso? É comum entrar na discussão sobre benefícios e malefícios da tecnologia ou então aquela velha questão de que a tecnologia afasta as pessoas, mas essa viagem foi legal para ver como a tecnologia aproxima as pessoas.

"Toda essa tecnologia vai impedir que a gente fale uns com os outros"

Eu me lembro de viagens em família de antigamente onde tudo era planejado e combinado com mais antecedência, coisas como onde ficar, qual o trajeto, o que vamos comer. Lembro até mesmo de viagens que eu fiz de carro e imprimi diversas páginas de mapa do Google Maps (isso já era alta tecnologia comparado aos meus pais), antes de ter um GPS acessível. Mas hoje a gente consegue fazer esses planos de forma muito rápida. A comunicação, imediata. O trajeto, o mapa escolhe. A alimentação, se não tiver pede por app. Em pouquíssimo tempo acertamos a viagem e todos os seus detalhes.

Não é uma questão de ignorar a família e se conectar ao resto do mundo, como costumam alarmar, mas estamos conectados a todos os membros da família por aplicativos (e não só pelos grupos chatos de "bom dia"). Assim, fica simples de chamar a qualquer momento para falar: "tô indo aí, prepara o café!" Isso tudo, enquanto podemos continuar normalmente brigando no Twitter, botando banca da viagem no Instagram e fazendo posts de memes filosóficos no Facebook.

A tecnologia tem defeitos? Claro. Nos deixa preguiçosos? Muito! Mas a gente deve controlar a tecnologia e fazê-la funcionar para o bem, ao invés de deixar se levar só pelo lado obscuro da força, quer dizer, da tecnologia.

Inclusive, uns anos atrás eu fiz um vídeo (não leve ele a sério) falando umas bobeiras sobre as pessoas culpando a tecnologia por tudo. Olha ele aí:

Sobre o Autor

Andre Noel é programador, webcartunista, autor do Vida de Programador, professor universitário (UEM e Unicesumar), youtuber e sabe pregar botões em roupas.

Sobre o Blog

Quem é de TI sempre recebe pedidos para criar "só um sisteminha simples". A gente sabe que nunca é simples. Por isso, aqui no blog vamos falar sobre o grande universo de TI --que às vezes é engraçado, às vezes é sofrido e muitas vezes é tudo isso.